terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Leitura Crítica da Mídia: dicas para usar nas aulas virtuais emergenciais

Material de apoio (e inspiração) para oficina de aulas virtuais emergenciais:


TARSILINHA


Zeca Baleiro e Ná Ozzetti cantam a música tema do filme de animação Tarsilinha, produzido pela Pinguim Content. O longa metragem é inspirado na obra de Tarsila do Amaral e conta a história de Tarsilinha, uma menina de 8 anos que embarca numa jornada incrível para recuperar as memórias roubadas de sua mãe.

A canção, composta especialmente para o filme, ressalta a brasilidade presente no longa, especialmente nas suas cores, paisagens e personagens originários da cultura brasileira, como a Cuca e o Saci. “A canção fala da travessia da personagem Tarsilinha por um mundo desconhecido, algo como uma realidade paralela, cheia de perigos e ameaças. Como em toda fábula, essa viagem é uma história de descoberta e autoconhecimento. A música é um baião bem brasileiro com uma pequena alusão à obra de Villa-Lobos”, comenta Zeca Baleiro.

 



A HORA DO BLEC



Criada pelos atores Yasmin Garcez e David Junior, fala de sustentabilidade e quebra de estereótipos 






COMIDA QUE ALIMENTA



O vídeo Comida que Alimenta é uma realização do Centro Sabiá, vinculado ao projeto Trabalho, Renda e Sustentabilidade no Campo, patrocinado pela Petrobras. O projeto busca fortalecer as experiências de agricultura Agroflorestal de base Agroecológica na Zona da Mata Sul de Pernambuco, além de ter um forte componente de agregação de valor à produção da agricultura familiar desse território, com a instalação de Unidades de Beneficiamento de frutas e de mel, para atender principalmente as compras institucionais via Programa de Aquisição de Alimentos - PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, e o mercado turístico do território. Além de buscar fortalecer a estratégia de comercialização direta produtor/consumidor via Feiras Agroecológicas.






MÁRCIA DO CANTO E A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS


A pedagoga e atriz Márcia do Canto dá dicas de brincadeiras, livros, exercícios de contação de histórias.



HISTÓRIA DE BOCA (ÁUDIOS = PODCAST)

Quer incentivar a imaginação através da língua portuguesa? Aqui você vai encontrar histórias para crianças, (re) contadas pelos atores Bia Borinn e Eduardo Munniz. 

Acesse clicando na palavra AQUI









Inspira, expira, inspira...


A ESCOLA NO MUNDO DIGITAL 
Um guia sobre proteção de crianças e adolescentes no uso de tecnologias nas escolas


Este é um material para famílias, educadores e gestores escolares. No site, o texto está dividido em módulos para facilitar a navegação por cada tema.

Para acessar, clicar na palavra AQUI





INSTITUTO ALANA

Acesse aqui: https://alana.org.br/

O Alana é uma organização de impacto socioambiental que promove o direito e o desenvolvimento integral da criança e ​fomenta​ novas formas de bem viver.





POVOS INDÍGENAS DO BRASIL MIRIM

O Instituto Socioambiental (ISA) é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), fundada em 22 de abril de 1994, por pessoas com formação e experiência marcantes na luta por direitos sociais e ambientais. Tem como objetivo defender bens e direitos coletivos e difusos, relativos ao meio ambiente, ao patrimônio cultural, aos direitos humanos e dos povos indígenas e tradicionais. O ISA produz estudos e pesquisas, implanta projetos e programas que promovam a sustentabilidade socioambiental, valorizando a diversidade cultural e biológica do país.

O Povos Indígenas no Brasil Mirim faz parte deste projeto. Criado a partir do site Povos Indígenas no Brasil, pretende, por meio de material destinado à pesquisa escolar – no qual temas centrais se desdobram em uma série de questões organizadas pela equipe do ISA – que tem como objetivo apresentar a diversidade de povos, romper com a ideia de "todos os índios são iguais" e despertar o interesse e o respeito das crianças às culturas indígenas existentes no Brasil. Tudo isso escrito em linguagem acessível ao público infanto-juvenil.

Abaixo, um exemplo de um dos vídeos disponíveis neste site:





sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Leitura Crítica da Mídia: Conversa de Professor/a sobre Meio Ambiente e Comunicação


Na Oficina sobre Meio Ambiente e Comunicação realizada em novembro de 2020 para a Fundação Ecarta são citados alguns nomes e filmes, bem como sites para refletir sobre o tema. 

Seguem algumas referências, caso queira se aprofundar:


Sobre o uso de mídias sociais, como Facebook, Whatsapp, Google:



JULIAN ASSANGE - fundou o site WikiLeaks em 2006 e ganhou atenção internacional em 2010 quando o site publicou uma série de documentos sigilosos do governo dos Estados Unidos, entre eles o ataque aéreo a Bagdá em 12 de julho de 2007, registros de guerra do Afeganistão e do Iraque e o CableGate (novembro de 2010).  Em outubro de 2020 encontra-se sob custódia da Polícia Metropolitana de Londres após ser preso em 11 de abril de 2019, sob a acusação de ter violado as condições estabelecidas na sua fiança em 2010. Antes, ele estava refugiado na embaixada do Equador em Londres, vivendo lá como refugiado de 2012 até seu encarceramento, em 2019.




EDWARD SNOWDEN- analista de sistemas, ex-administrador de sistemas da Agência Central de Inteligência (CIA) e ex-contratado da Agência de Segurança Nacional (NSA-National Security Agency) dos Estados Unidos. tornou-se conhecido ao divulgar detalhes sobre o sistema de vigilância global norte-americano através dos jornais The Guardian e The Washington Post. O governo dos Estados Unidos acusou-o de roubo de propriedade, comunicação não autorizada de informações de defesa nacional e comunicação intencional de informações classificadas como de inteligência. Atualmente, Snowden está na Rússia. 


QUEM SÃO OS DONOS DA MÍDIA?

Quem controla a mídia
http://brazil.mom-rsf.org/br/



Políticos Donos da Mídia
https://intervozes.org.br/politicos-donos-da-midia-levantamento-do-intervozes-em-10-estados-denuncia-pratica-ilegal-de-candidatos-que-sao-proprietarios-de-canais-de-radio-e-tv/



Série O Voto que Devasta - Donos de Gado, Terra, Tv e Rádio 
De Olho nos Ruralistas 


Acusado de grilagem, desmatamento e tráfico, prefeito é retransmissor da Globo em Itaituba (PA):
https://bit.ly/38zWLug
Por Alceu Luís Castilho e Luís Indriunas

Acúmulo de poder econômico e midiático influencia eleições, afirma Intervozes:
https://bit.ly/3loiyZp
Por Patrícia Cornils


Sessenta e cinco candidatos a vereador e vice-prefeito são donos de rádios e TVs:
https://bit.ly/3nj7gpV
Por Alceu Luís Castilho e Sarah Fernandes


Cinquenta e um candidatos a prefeito em 21 estados declaram possuir rádios e TVs:
https://bit.ly/3ne3UEl
Por Alceu Luís Castilho e Patrícia Cornils




SUGESTÃO DE LEITURA:

Como as multibilionárias empresas de tecnologia usam seu poder para influenciar jornalistas, blogueiros e youtubers
https://manualdousuario.net/empresas-tech-influencia-jornalistas/




FILMES


Documentário O Dilema das Redes -  Disponível em https://www.netflix.com/br/title/81254224

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=7X54fS0SQyw


Documentário Privacidade Hackeada - Disponível em https://www.netflix.com/br/title/80117542

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=wjXYCrxRWqc


VÍDEOS E ÁUDIOS




Discurso de Greta Thunberg na COP 25 (dezembro de 2019): https://www.youtube.com/watch?v=uoKJcBMQRnA

Para LER o discurso completo: https://news.un.org/pt/story/2019/12/1697531

Para saber mais sobre Greta Thuberg:

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/09/23/opinion/1569250791_978883.html

https://brasil.elpais.com/noticias/greta-thunberg-ernman/









Amazônia Centro do Mundo - assista aos vídeos AQUI: http://claraglock.blogspot.com/2019/12/amazonia-centro-do-mundo.html



Vídeo com o depoimento de Maria do Socorro, quilombola: 

Sobre a denúncia de Maria do Socorro contra a refinaria de alumínio da Hydro Alunorte situada no município de Barcarena, no estado do Pará, leia também: https://brasil.mongabay.com/2018/04/a-norsk-hydro-acusada-de-vazamento-toxico-no-rio-amazonas-admite-possuir-tubulacao-clandestina/


https://www.brasildefato.com.br/2020/02/22/moradora-de-barcarena-pa-tenho-medo-de-morrer-subterrada








Vídeo com a íntegra da Transmissão ao Vivo "Vozes da Juventude na Amazônia"
AQUI: https://www.youtube.com/watch?v=QmCYDCp2Fm4




BLOG JOVENS CIDADÃOS

O blog traz conteúdos exclusivos produzidos por jovens comunicadores indígenas de dentro de suas aldeias e comunidades tradicionais sobre como estão enfrentando a pandemia da Covid-19. Cada jovem envia imagens e pequenas histórias para serem publicadas no site da agência Amazônia Real por meio de um aplicativo desenvolvido pela Amazônia Real e pela empresa de tecnologia Cajuideas. Cada comunicador indígena que participa do projeto também é remunerado com bolsas pela produção de conteúdo e receberão equipamentos, como celulares.

Acesse AQUI: https://amazoniareal.com.br/jovens-cidadaos/




PODCAST Encantaria - Ouça AQUI: https://open.spotify.com/show/3UkJPNCwonRI30BMNwj5dy



PODCAST DA REDE DE COMUNICADORES INDÍGENAS DO RIO NEGRO

Leia AQUI: https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/nasce-a-rede-de-comunicadores-indigenas-do-rio-negro

Ouça AQUI: https://soundcloud.com/wayuri-audio/wayuri-boletim1-vs-final-04112017-1




PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 

Mostra Prof. José Lutzenberger - Mostra Lutz - Acesse AQUI: http://gaianarede.blogspot.com/?fbclid=IwAR1bG2QEzosxNMD3HcZ8kyNDflYyEDsWeWHWMPBO24IwMcn0TFBT_RdlgUk




VÍDEOS DO GREENPEACE BRASIL:

Brasil em Chamas - Como a indústria da carne está destruindo nossas florestas

Acesse AQUI: https://www.youtube.com/playlist?list=PLgypAGt9KjpCwaAN-cDx1DAfV_8bs6-aU


Tem um monstro na minha cozinha (Greenpeace Brasil)


Link direto: https://www.youtube.com/watch?v=gLZcafZ8t_4



Esta é uma história de ficção, mas que cabe direitinho na nossa realidade. A ilustração “Tem um monstro na minha cozinha”, narrada pelo ator Wagner Moura, conta a experiência de um menino que ao ter sua cozinha invadida descobre como a indústria da pecuária está devorando nossas florestas. E, a partir daí, ele repensa uma de suas escolhas: o consumo de carne. O filme foi criado pela agência Mother e produzido pelo estúdio Cartoon Sallon.

Tem um monstro na minha cozinha
Tem um monstro na cozinha
Eu não chego perto não
Ele tem olhos de fogo
E rabo de assombração
E garras tão grandes e afiadas
Que cortam como facão 
Destruiu a lista de compras
E derrubou a carne do fogão
Ele rosnou para os ossos
Do nosso churrasco de verão
Será que ele está com fome?
Espero que eu (gulp) não seja a refeição
Tem um monstro na cozinha
Que me enche de pavor 
O que faz aqui, seu monstro?
Me explica, por favor
Tem um monstro na floresta
Eu não chego perto não
Fez meu mundo virar cinzas
Para criar uma plantação
Ração para vacas, porcos e galinhas
Que viram carne pra você 
Enquanto eles enchem os bolsos
Nós ficamos à mercê 
Eles se sentem poderosos
Mas um dia pagarão
O verdadeiro preço desses atos
Em breve todos saberão
Tem um monstro na floresta
Que me enche de pavor
Venho aqui contar para o mundo
O tamanho desse horror 
Ô onça na cozinha
Eu já tenho a solução 
Vamos comer frutas e verduras
E trocar carne por feijão 
Farofa, batata doce, mandioca e agrião
Vou chamar todos os guerreiros
Da nossa grande nação
Ô onça na cozinha
Eu já tenho a solução
Para salvar sua floresta 
E acabar com esse vilão




MÚSICAS:

Passaredo (com Olívia Hime): https://www.youtube.com/watch?v=-RLK1rbDqdE

Eu quero ver (Campanha #ajudapantanal): https://www.youtube.com/watch?v=uk7BetwCWeM&feature=emb_logo





FONTES DE INFORMAÇÃO:

Agência Envolverde - https://envolverde.com.br/

Agência Pública - https://apublica.org/

ClimaInfo - https://climainfo.org.br/

De Olho nos Ruralistas - https://deolhonosruralistas.com.br/

Greenpeace Projeto Escola: https://www.greenpeace.org/brasil/blog/projeto-escola-construindo-um-futuro-mais-verde/

Instituto Socioambiental (ISA) - https://www.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais

Jornalistas Livres: https://jornalistaslivres.org/

Mirim Povos Indígenas do Brasil - https://mirim.org/

Movimento Infância Livre de Consumismo (MIC) - https://milc.net.br/

Repórter Brasil - https://reporterbrasil.org.br/

Mongabay Notícias Ambientais para Informar e Transformar -

https://brasil.mongabay.com/



LEITURAS

Um vírus, a humanidade e a terra

Artigo de Vandana Shiva*


Um pequeno vírus confinou o mundo, parou a economia global, levou embora a vida de milhares e o sustento de milhões de pessoas. 

Que lições podemos aprender, graças ao coronavírus, sobre a nossa espécie humana, os paradigmas econômicos e tecnológicos dominantes e a terra?

A primeira coisa que o confinamento nos recorda é que a terra é para todas as espécies e que quando abrimos espaço e liberamos as ruas de carros, a poluição se reduz. Os elefantes podem ter acesso às áreas residenciais de Dehradun e se banhar no Ganges, no ghat de Har Ki Pauri, em Haridwar. Um leopardo vagueia livremente em Chandigarh, a cidade projetada por Le Corbusier.
A segunda lição é que esta pandemia não é um desastre natural, assim como os fenômenos climáticos extremos também não são. As epidemias emergentes, assim como a mudança climática, são antropogênicas, ou seja, causadas pelas atividades humanas.
Os cientistas nos avisam que ao invadir os ecossistemas florestais, destruir os habitats de muitas espécies e manipular as plantas e os animais para obter lucro econômico, fomentamos o surgimento de novas doenças. Ao longo dos últimos 50 anos, apareceram 300 novos patógenos. Está escancaradamente documentado que 70% dos patógenos que afetam o ser humano, entre os quais estão o HIV, o ebola, a gripe, a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês) e a síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês) surgem quando os ecossistemas florestais são invadidos e os vírus se transferem de animais para pessoas. Quando se amontoam animais em fazendas industriais para maximizar os lucros, afloram novas doenças como a gripe suína e a aviária.
A avareza humana, que não respeita os direitos de outras espécies, nem os direitos dos membros de nossa mesma espécie, é a raiz desta pandemia e das pandemias que a seguirão – Vandana Shiva
A avareza humana, que não respeita os direitos de outras espécies, nem os direitos dos membros de nossa mesma espécie, é a raiz desta pandemia e das pandemias que a seguirão. Uma economia global baseada na ilusão do crescimento ilimitado se traduz em um apetite insaciável pelos recursos planetários, o que, como consequência, se traduz em uma ilimitada transgressão dos limites do planeta, dos ecossistemas e das espécies.
A terceira lição que o vírus nos ensina é que a emergência sanitária está relacionada com a emergência da extinção massiva de espécies. Também com a emergência climática. Ao se utilizar venenos como inseticidas e herbicidas para matar insetos e plantas é inevitável provocar uma crise de extinção. Ao queimar combustíveis que a terra fossilizou há 600 milhões de anos, transgredimos os limites planetários. A consequência é a mudança climática.
Os prognósticos dos cientistas estabelecem que se não frearmos esta guerra antropogênica contra a terra e as espécies que a habitam, em cem anos teremos destruído as condições que permitem aos humanos viver e prosperar. Nossa extinção será uma a mais entre as 200 que ocorrem diariamente. Iremos nos converter em uma espécie em risco de extinção pela avareza, arrogância e irresponsabilidade humanas.
Todas as emergências que na atualidade colocam em risco vidas têm sua origem na visão mecanicista, militarista e antropogênica dos humanos como seres à margem da natureza, como amos e senhores da terra que podem dominar, manipular e controlar outras espécies como fontes de lucro. Também têm sua origem em um modelo econômico que considera os limites ecológicos e éticos como obstáculos que devem ser superados para aumentar o crescimento dos lucros empresariais.
Nesse modelo, não cabem os direitos da Mãe Terra, os direitos de outras espécies, os direitos humanos, nem os das gerações futuras. Durante esta crise e a recuperação após o confinamento, precisamos aprender a proteger a terra, seu clima, os direitos e os habitats das diferentes espécies, os direitos dos povos indígenas, das mulheres, dos agricultores e agricultoras e dos trabalhadores e trabalhadoras.
Temos que aprender de uma vez por todas que somos membros da família planetária e que a verdadeira economia é a economia dos cuidados: o cuidado do planeta e o cuidado mútuo – Vandana Shiva
Temos que romper com a economia do lucro e o crescimento ilimitado que nos levou a uma crise de sobrevivência. Temos que aprender de uma vez por todas que somos membros da família planetária e que a verdadeira economia é a economia dos cuidados: o cuidado do planeta e o cuidado mútuo.
Para prevenir futuras pandemias, carestias e a perspectiva de nos tornarmos sociedades em que a vida humana não tenha valor, temos que romper com o sistema econômico global que está gerando a mudança climática, a extinção de muitas espécies e a propagação de doenças mortais. O retorno ao local abre espaço para que as diferentes espécies, as diferentes culturas e as variadas economias locais se desenvolvam.
Temos que reduzir de maneira consciente nossa pegada ecológica para deixar recursos e espaço disponíveis para outras espécies, para o restante dos seres humanos e para as gerações futuras. A emergência sanitária e o confinamento demonstraram que quando há vontade política, é possível reverter o processo de globalização. Façamos com que esta reversão seja permanente e voltemos à produção local e de proximidade, em consonância com os princípios do swadeshi (autossuficiência) que Gandhi promulgava, ou seja, o restabelecimento da econômica doméstica.
Nossa experiência no [movimento] Navdanya nos ensinou, ao longo de três décadas, que os sistemas de produção de policultivos locais e ecológicos são capazes de prover alimento à população sem empobrecer o solo, poluir a água e danificar a biodiversidade.
A riqueza da biodiversidade são as matas, os cultivos, os alimentos que consumimos, a microbiota intestinal, um fio condutor que comunica o planeta e suas diferentes espécies, também os seres humanos, por meio da saúde, não da doença.
Um pequeno vírus pode nos ajudar a dar um grande passo à frente para fundar uma nova civilização planetária ecologista, baseada na harmonia com a natureza. Ou, então, podemos continuar vivendo a fantasia do domínio sobre o planeta e continuar avançando até a próxima pandemia. E, por último, até a extinção.


A terra seguirá, conosco ou sem nós.


*Nascida na Índia em 1952, Vandana Shiva  é autora de vários livros, entre os quais “Guerra por Água”, “Biopirataria” e “Monoculturas da Mente”. Tem mestrado em Filosofia da Ciência e é doutorada em Física da Partícula.


Fonte: EcoDebate, 16/04/2020 - publicado pela IHU On-line, parceira editorial da revista eletrônica EcoDebate na socialização da informação. 

O IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos Unisinos, em São Leopoldo, RS

Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2020/04/16/um-virus-a-humanidade-e-a-terra-artigo-de-vandana-shiva/
 

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Soberania Alimentar: o que isso significa mesmo? 


Artigo do Frei Sérgio Görgen*


Publicado em outubro 16, 2020


Soberania alimentar tem a ver com alimentos saudáveis, com cultura, com hábitos alimentares, com sistemas locais, com respeito ao meio ambiente, etc. O objetivo primeiro e central é a produção de alimentos saudáveis e variados, com qualidade e quantidade necessárias e suficientes, através de sistemas diversificados de produção.  
Uma nação é soberana, isto é, manda no seu próprio nariz, é dona de seu próprio destino, quando ela tem alimentação suficiente para todo o seu povo comer e ainda estoque para vários anos. Ter comida suficiente e estocada significa Soberania Alimentar.
Por isto, o desafio para o Estado Brasileiro é a organização da produção de alimentos através de um sistema que articule a produção diversificada de alimentos saudáveis, visando a alimentação de toda a população com alimentos de qualidade, sustentabilidade dos meios e sistemas produtivos para as atuais e futuras gerações e a distribuição justa e equitativa para o conjunto da população.
O Brasil, mesmo sendo grande exportador de alimentos e grãos, ainda tem em seu território mais de 12 milhões de pessoas famintas, outros tantos milhões que desperdiçam alimentos. Soberania alimentar ainda não foi alcançada e estes fatos demonstram necessidade de mudanças profundas no modelo agrícola vigente.
Isto significa uma política nacional de produção e distribuição que garanta alimentação:
Suficiente para atender todas as necessidades da população;
Estável para enfrentar anos ou momentos de baixa produção por problemas de clima, com boa política de estoques;
Autônoma com autossuficiência nacional de alimentos básicos;
Sustentável garantindo o uso permanente  de nossos recursos naturais;
Justa e igualitária garantindo o acesso de cada cidadão ao mínimo que uma pessoa precisa para se alimentar bem, tanto em quantidade como em qualidade;
Variedade garantindo uma alimentação equilibrada  e nutritiva;
Limpa e saudável, livre de venenos, agrotóxicos, hormônios artificiais, anabolizantes, antibióticos, transgênicos, produzida ecologicamente.


Soberania Alimentar Começa em Casa


Para a família camponesa, soberania alimentar começa em casa, produzindo de tudo para seu próprio consumo, garantindo sua subsistência, não dependendo do mercado para garantir seu autossustento e excedentes em quantidade e qualidade que contribuam para a soberania alimentar do país.
A produção de alimentos para o consumo familiar é muito importante para as famílias camponesas, pois reduz o custo com aquisição de alimentos no mercado, melhora a qualidade alimentar, diversifica a dieta da família, além de garantir alimentos livres de agrotóxicos. De modo especial, a horta caseira, plantio de mandioca, feijão, abóboras, batatas, criação de galinhas e ovos, porcos, entre outros, e a plantação de frutíferas contribui com a produção para o autossustento da família.


Sistemas Camponeses de Produção e Alimergia


O principal meio de garantir Soberania Alimentar são os Sistemas Camponeses de Produção (SCP) que é o contrário de “cadeia produtiva”. A cadeia produtiva prende o agricultor num só produto, vinculado a poucas indústrias e com pacotes prontos. É bom para a indústria e para o capitalista, ruim para as famílias camponesas. A cadeia produtiva é feita para criar dependência.
O conceito e a prática dos Sistemas Camponeses de Produção (SCP) vêm sendo empregados por alguns Movimentos Camponeses, em alternativa ao conceito de cadeia produtiva. Implícito no conceito de cadeias produtivas está a organização da produção de forma integrada ao mercado, dependência do capital financeiro, aumento de fluxos de mercadoria e subordinação ao mercado, emprego de insumos energéticos e materiais externos petro-dependentes e deterioração ambiental. Não se trata de uma questão semântica, cada conceito reflete uma lógica de pensar, planejar, organizar e praticar agricultura. Os Sistemas Camponeses de Produção derivam-se de um novo paradigma – ALIMERGIA  (Alimento, Meio Ambiente, Energia) – o qual busca integrar de forma justa e ecológica a produção de alimentos, energia, serviços ecossistêmicos e a ocupação popular do território.
Alimergia é uma nova maneira de enxergar agricultura, pecuária e floresta e que procura desenvolver formas de produzir que juntem de maneira combinada a produção de alimentos e de energia com preservação ambiental. A alimergia visa a soberania alimentar e energética das comunidades e dos povos de maneira integrada e harmônica com os ecossistemas locais. No entanto, isso só será possível através de sistemas agrícolas de base ecológica, de modo especial a Agroecologia, o que implica em sistemas diversificados de produção.
É necessário criar meios através de apoio dos governos e da sociedade que garantam que o Brasil produza alimentos, energia renovável, cuide do meio ambiente e reduza a crise do clima que tanto prejudica os agricultores construindo um sistema de produção no campo que equilibre a produção de Alimentos com a Preservação dos Recursos Naturais, com a diversificação dos sistemas de produção agropecuária, combinando com a produção de Energia proveniente da biomassa, do sol, do vento e de pequenos e médios aproveitamentos hidroelétricos, fortalecendo as condições para a soberania energética local e nacional.
Os SCP são sistemas de produção altamente diversificados, que têm como base social as famílias e as comunidades camponesas. Suas principais características são: a integração da produção animal e vegetal (agrícola e florestal); prioridade na produção para o autoconsumo e para o mercado local e regional; preservação dos recursos ambientais estratégicos como água, solo e biodiversidade; combinação de plantios anuais com plantios perenes; utilização, ao máximo, de insumos de origem local, comunitária ou regional. Utiliza os subprodutos de uma produção para a outra, buscando a sustentabilidade geral do sistema pela diversificação da produção. Busca a autonomia genética e tecnológica, e integração de novos conhecimentos e técnicas ao conhecimento já existente, sem deixar que eles desintegrem o sistema.

Os Sistemas Camponeses de Produção buscam juntar de forma justa e ecológica a produção de alimentos, energia, serviços ecossistêmicos e a ocupação popular do território. Os SCP podem ser organizados das mais variadas formas possíveis, tendo no bioma sua base ecológica e na cultura camponesa sua base social, através de novas formas de produção e cooperação, ampliando a autonomia e a liberdade dos camponeses, abrindo novos caminhos para comercialização com as cidades e mudando as formas de do campo se relacionar com as cidades.


Os Sistemas Camponeses de Produção têm como base social as famílias e as comunidades camponesas. Suas principais características são:
– Integração da produção animal e vegetal (agrícola e florestal);
– Prioridade na produção para o autoconsumo e para o mercado local e regional;
– Preservação dos recursos ambientais estratégicos como água, solo e biodiversidade;
– Combinação de plantios anuais com plantios perenes;
– Utilização, ao máximo, de insumos de origem local;
– Utilização dos subprodutos de uma produção para a outra, de modo a buscar a sustentabilidade geral do sistema pela diversificação da produção;
– Busca da autonomia genética e tecnológica e integração de novos conhecimentos e técnicas aos saberes já existentes, sem deixar que eles desintegrem o sistema.


Comercialização da Produção Camponesa


A comercialização da produção camponesa é uma necessidade e algo que é feito por todas as famílias camponesas. Há várias formas de comercialização como feiras, atravessadores, indústrias, exportadores, cerealistas, etc… essas formas de comercialização dependem de um conjunto de fatores como os produtos produzidos, a distância da cidade, o tamanho da cidade, etc.
Atualmente a população enfrenta um conjunto de doenças (diabetes, hipertensão, gastrites, problemas cardiovasculares, obesidade, câncer, depressão) diretamente associadas à alimentação inadequada e contaminada, seja na produção com o uso de agrotóxicos, anabolizantes e antibióticos, seja na indústria com a adição de um monte de produtos químicos para conservar os produtos, e ao mesmo tempo o fantasma da fome volta a rondar milhões de lares brasileiros, seja pela queda da renda destas famílias seja pelo aumento do preço dos alimentos.
Sobre a produção muito se fez e há acúmulos práticos e teóricos para avançar na massificação da produção agroecológica. O maior desafio colocado é o tema da comercialização, com a política de Estado do Programa de Aquisição de Alimentos estava dando bons passos, mas com o desmonte dessa política pela nova governança nacional, há que se buscar outros caminhos. Não há receita, mas é importante compartilhar princípios e experiências que estão sendo feitas.
Primeiro, é importante ter claro que para se ter a totalidade das famílias camponesas fazendo agroecologia e uma política de abastecimento popular massiva, só são possíveis como política de Estado clara, ampla, contundente e abrangente, que tenha como centralidade a pessoa humana e não o capital, portanto, uma política anticapitalista.
Em segundo lugar, há que se ter clareza da amplitude e do significado do que estamos fazendo, pois estamos provando pela prática que somos capazes de abastecer a humanidade de alimentos saudáveis, que os camponeses são parte do futuro e não resíduo do passado, que produzir alimentos sem agrotóxicos é possível, que romper com a alienação entre quem produz e quem consome, é central.
Assim a comercialização na estratégia política do campesinato, neste momento histórico vai MUITO ALÉM DE SIMPLESMENTE VENDER, o processo de comercialização deve cumprir uma função de legitimação do campesinato enquanto produtores de alimentos saudáveis, mas fundamentalmente junto à população urbana que precisa entender a problemática do campo e entrar na luta para defender os camponeses e sua forma de produzir alimentos.
Portanto, produzir alimentos saudáveis, comercializar e consumir alimentos saudáveis deve ser entendidos por todos como um ato político de profunda contestação à ordem, é um enfrentamento direto à lógica agroalimentar promovida pelo capitalismo. E neste sentido a comercialização é a ponte que liga campo e cidade.


O que se está fazendo e se pode fazer:
Nas cidades do interior, nas pequenas cidades: incentivar as famílias a fazerem feira livre, debater com igrejas, escolas, sindicatos urbanos, organizações, associações, a importância dos alimentos saudáveis e da feira. Fazer das feiras espaços de formação política sobre os alimentos, luta e resistência camponesa; Mercados populares ou mercearias camponesas também são importantes mecanismos de comercialização;
Nas cidades regionais: potencializar as feiras já existentes e incentivar as famílias que tiverem condições a participar. Pode-se organizar o transporte coletivo da produção, organizar estrutura de armazenamento e distribuição nestas cidades, abrir novos pontos de feira de alimentos saudáveis. A venda de cestas de alimentos, a criação de redes de consumidores de alimentos saudáveis, a criação de mercados populares em parceria com organizações urbanas, abastecimento de restaurantes e cozinhas comunitárias, todas estas são possibilidades. Estas cidades têm mais possiblidades de relação política, e tem-se condições de atingir uma massa maior de pessoas. Assim, nosso debate político poderá ganhar um eco maior, mas temos que fazer nossa parte, tanto na articulação e no estabelecimento de relação entre os camponeses e suas organizações como na relação direta com o povo consumidor;
Nas capitais e grandes centros: é onde hoje estão mais agudas as contradições do modelo agroalimentar, o centro rico obeso e doente e a periferia convivendo com a falta de alimentos, tendo que fazer opções do que colocar na mesa. Pequenas ações de comercialização poderão gerar um impacto político de grande efeito. Todas as possibilidades de comercialização colocadas acima são viáveis. Exige maior nível de organização e este é o grande desafio no campo e na cidade.


* Frei Sérgio Antônio Görgen, frade franciscano e militante do MPA. Publicado originalmente pela 6ª Semana Social Brasileira da CNBB


Fonte: Sul21 
Disponível em https://www.sul21.com.br/opiniaopublica/2020/10/soberania-alimentar-o-que-isso-significa-mesmo-por-frei-sergio-gorgen/



quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Leitura Crítica da Mídia: Saúde das Crianças e Meio Ambiente


A pesquisa “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”, é pioneira no mundo por apresentar dados inéditos sobre o efeito “publicidade-desejo-consumo-descarte”. Além disso, também aponta caminhos e soluções que podem ser encontrados para uma infância livre do consumismo e que permita o livre brincar em segurança.

 O setor de brinquedos  liderou em 2019 a publicidade infantil na TV  e é sabido que 90% dos brinquedos são feitos com alguma parte de plástico. Veja, abaixo, algumas respostas a dúvidas frequentes sobre o tema e as principais mensagens que esse estudo apresenta.

A pesquisa foi conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a pedido do Programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.


quarta-feira, 15 de julho de 2020

Leitura Crítica da Mídia: sobre privacidade, direitos, fake news, desinformação

Quer saber o que está acontecendo na área de Mídia? Quais são os direitos de quem usa a Internet?




Coalizão Direitos na Rede é uma rede independente de organizações da sociedade civil, ativistas e acadêmicos em defesa da Internet livre e aberta no Brasil. Formada em julho de 2016, busca contribuir para a conscientização sobre o direito ao acesso à Internet, a privacidade e a liberdade de expressão de maneira ampla. O coletivo atua em diferentes frentes por meio de suas organizações, de modo horizontal e colaborativo.

Link direto: https://direitosnarede.org.br/#section-0





SOBRE O MARCO CIVIL DA INTERNET: https://intervozes.org.br/tag/marco-civil-da-internet/






SOBRE O DIREITO DAS CRIANÇAS À PRIVACIDADE: 

https://www.internetlab.org.br/wp-content/uploads/2021/03/ilab-alana_criancas-privacidade_PT_20210214-4.pdf



O relatório destaca como a coleta e tratamento massivos de dados pessoais de crianças e adolescentes no uso de plataformas digitais representa riscos à sua segurança e integridade física e psíquica, considerando as possibilidades de vazamentos ou de exposição indevida dessas informações.

Além disso, o documento destaca como o uso desses dados pessoais para fins de exploração comercial – por exemplo, para o direcionamento de publicidade comportamental – pode prejudicar o desenvolvimento de crianças e adolescentes, que ainda não possuem discernimento para compreender o caráter persuasivo de tal publicidade.









domingo, 5 de julho de 2020

#LiberteoFuturo #FreeTheFuture

Em que mundo queremos viver?
Como libertar o futuro?


O movimento para não se conformar, para fazer acontecer, começou.


Confira AQUIhttp://liberteofuturo.net/movimento.html


Assista AQUI:



segunda-feira, 22 de junho de 2020

O esperançar freireano como verbo e o inédito viável



Conversa entre Nita Freire e Oscar Jara, em 20 de junho de 2020, sobre a atual conjuntura a partir das seguintes reflexões "O esperançar freireano como verbo" e "Educação Popular: (novo) normal ou inédito viável?".



Atividade organizada pelo Coletivo Freireando Porto Alegre, com apoio do Café com Paulo Freire SP, dentro da Campanha Latino-Americana e Caribenha em Defesa do Legado de Paulo Freire.



sexta-feira, 12 de junho de 2020

VOZES DA JUVENTUDE NA AMAZÔNIA: NO CANAL IDEIAS E EXPERIÊNCIAS


Muito antes da Covid-19, havia a emergência climática e as ameaças de grileiros e mineiros. Por isso, jovens que vivem na Amazônia há tempos vêm se organizando para demandar educação, cultura, saúde. Pedem respeito à floresta e aos povos tradicionais. Elas e eles que participaram do evento Amazônia Centro do Mundo, continuam fazendo vídeos e áudios para conscientizar outras pessoas que é preciso mudar o comportamento e a relação com a Natureza.

O que podemos aprender com essa juventude que está tão longe das capitais? Como podem dialogar com outros grupos de jovens espalhados pelo país? Que trocas podem ser feitas neste momento e no futuro? Assim como Malala, Greta Thunberg, e tantos jovens pelo mundo, Dani, Lorena e Joelmir estão lutando e querem chegar às mídias, às escolas, às comunidades, e provocar mudanças que visem ao bem-estar comum.

Em uma conversa mediada pela jornalista e educomunicadora Clara Glock, jovens da Amazônia sugerem o que o resto do Brasil (e do mundo) pode fazer para contribuir com esse movimento e como se pode construir pontes para combater não só a Covid-19, mas os graves problemas que são anteriores à epidemia e que se propagam como uma peste destruindo vidas e a floresta.


Assista clicando AQUI 




segunda-feira, 1 de junho de 2020

Educação em Movimento (s)

Este livro de atividades, denominado EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO(S), é resultado das iniciativas de extensão universitária do Grupo de Pesquisa Associativismo, Contestação e Engajamento (GPACE) da UFRGS. Está vinculadas ao projeto “Transformações do Ativismo no Brasil: Junho de 2013 em Perspectiva Comparada” financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no âmbito do Edital “Memórias Brasileiras – Conflitos Sociais”.

É um projeto anterior à Pandemia de Covid-19 e, portanto, direcionado a profs. para uso em sala de aula. Está disponível online e tem sugestões de atividades que podem eventualmente ser adaptadas para uso em ambiente virtual. Tive o prazer de participar da revisão do material, junto com Cristina Pozzobon, que fez o projeto gráfico.

Acesse clicando AQUI.


terça-feira, 19 de maio de 2020

Amazônia e os nomes na cruz: ameaçados de morte - Por que é importante saber?

Reproduzo aqui o vídeo. Por que é importante saber? Porque sem saber, é impossível criar pontes e se envolver e encontrar soluções.

Erasmo está lutando pela vida - dele e de tod@s.

Assista a  Periférico: o que fica invisível com a pandemia

"A partir deste momento, a vida de Erasmo Teófilo é responsabilidade de cada um"

(Yane Mendes, cineasta periférica da Favela do Totó, no Recife).

Se junte com outros e faça a sua parte para manter Erasmo, liderança camponesa da Volta Grande do Xingu, VIVO. Escute, divulgue e amplifique a sua voz, mas faça mais do que isso. Erasmo luta por todos nós, todos nós precisamos lutar por ele.


RESPONSABILIZE-SE!"




sexta-feira, 15 de maio de 2020

Como identificar informações falsas durante a pandemia de Covid-19 - combatendo a INFODEMIA

A INFODEMIA não é algo novo, mas se tornou tão perigosa hoje quanto o novo coronavírus, Covid-19, que até 15 de maio de 2020 já matou milhares de pessoas em todo o mundo, sem que exista ainda uma vacina ou remédio.

A Organização Panamericana de Saúde (OPAS) fez um boletim especial explicando o que é INFODEMIA e como combater essa doença da informação.

Para ler todo o boletim, CLIQUE AQUI.

Reproduzo alguns trechos a seguir:

O que é infodemia?

Conforme declarado pela OMS, o surto de COVID-19 e a resposta a ele têm sido acompanhados por uma enorme infodemia: um excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícilencontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa. A palavra infodemia se refere a um grande aumento no volume de informações associadas a um assunto específico, que podem se multiplicar exponencialmente em pouco tempo devido a um evento específico, como a pandemia atual. Nessa situação, surgem rumores e desinformação, além da manipulação de informações com intenção duvidosa. Na era da informação, esse fenômeno é amplificado pelas redes sociais e se alastra mais rapidamente, como um vírus.


Por que a infodemia pode agravar a pandemia?

 Ela dificulta que fontes idôneas e orientações confiáveis sejam encontradas pelas pessoas de modo
geral, pelos responsáveis pela tomada de decisões e por profissionais de saúde quando precisam.
As fontes podem ser aplicativos, instituições científicas, sites, blogs, “influenciadores”, entre outras.
 As pessoas podem se sentir ansiosas, deprimidas, sobrecarregadas, emocionalmente exaustas e
incapazes de atender a demandas importantes.
 Ela pode afetar os processos de tomada de decisões quando se esperam respostas imediatas e não se dedica tempo suficiente para analisar com cuidado as evidências.
 Não há controle de qualidade do que é publicado nem, às vezes, do que é usado para agir e tomar
decisões.
 Qualquer pessoa pode escrever ou publicar qualquer coisa na rede




Pesquisa revela dados sobre 'fake news' relacionadas à Covid-19

Conduzido pelas pesquisadoras da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), Claudia Galhardi e Maria Cecília de Souza Minayo, um recente estudo apontou as principais redes sociais propagadoras de notícias falsas sobre o novo coronavírus no Brasil. A pesquisa, que analisou denúncias e notícias falsas recebidas pelo aplicativo Eu Fiscalizo entre 17 de março e 10 de abril, mostra que as mídias sociais mais utilizadas para disseminação de fake news sobre o novo coronavírus foram Instagram, Facebook e WhatsApp.

Leia CLICANDO AQUI. 






MIL CLICKS (da Unesco, em espanhol)

Campanha para combater a desinformação - https://es.unesco.org/covid19/communicationinformationresponse/audioresources

A Unesco, órgão das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, está convocando jovens e educador@s a se unirem em uma campanha educativa para não difundir a desinformação sobre Covid-19. Confira um exemplo e sinta-se à vontade para desenvolver sua própria campanha na rede de amig@s, nas suas comunidades e nas suas mídias.  

MEÇA SUAS EMOÇÕES

Enquanto você navega por um canal de notícias, lê uma mensagem ou comentário sobre o coronavírus, pensa em como você se sente. Fica enojado? Triste ou surpreso?

A desinformação pode se difundir diante do uso de conteúdos de caráter emocional. Antes de compartilhar ou reagir diante do conteúdo, pense de onde vem, quem pode se beneficiar, e quem pode sofrer. Pense antes de dar um click.

Pense antes de compartilhar.

Durante a pandemia de Covid-19 confie somente nas fontes oficiais de informação e nos meios de comunicação em que se pode acreditar. Não compartilhe informação não verificada. 



ENTÃO, LEMBRANDO:

Quem é a fonte da informação? A quem é dirigido? É uma fonte de informação confiável? Não compartilhe informação desqualificada. 




sábado, 8 de fevereiro de 2020

Em Anapu (e na Amazônia), todos estão em perigo

CONFIRA HISTÓRIAS DE LUTA E RESISTÊNCIA EM ANAPU, NO PARÁ


Apesar das ameaças, o agricultor Erasmo Teófilo voltou a Anapu, no Pará, acompanhando famílias que aguardam o reconhecimento do direito a viver na área de onde tiram seu sustento (foto abaixo). 


Leia no Jornal Extra Classe clicando AQUI



#PraTodoMundoVer: Ao centro, Teófilo e a companheira, Natalha Lopes Correia, que representa o Mocambo-Movimento Afrodescendente do Pará. Ao redor deles estão representantes da Associação de Docentes da Universidade Federal do Pará (Adufpa), do Movimento Xingu Vivo para Sempre, e da Central Sindical e Popular (CSP) Conlutas Pará, que prestaram apoio, e integrantes da comunidade do lote 96 de Bacajá. Foto: Arquivo Pessoal 





Irmã Jane e irmã Katia (foto abaixo), companheiras de Dorothy Stang - cujo assassinato, a mando de fazendeiros, completa 15 anos em 2020 -, acreditam que a luta passa pela educação e pela união entre trabalhadores e juventude.

Leia no Jornal Extra Classe, clicando AQUI 



 #PraTodoMundoVer: irmão Jane (às esquerda) e irmã Katia estão em pé, no pátio da Universidade Federal do Pará, e seguram no colo duas crianças indígenas. Irmã Jane está sorrindo e olha para a câmera. Irmã Katia olha para a criança em seu colo. Foto: Clarinha Glock



Aqui a versão original dos textos:


Teófilo voltou para Anapu, e a situação é tensa



#PraTodoMundoVer: Teófilo está no centro da foto, junto à cadeira com a qual se locomove, no pátio de sua casa. Foto: Arquivo Pessoal


Um clima de tensão marcou a volta de Erasmo Alves Teófilo a Anapu, no Pará, no último dia 30 de janeiro. Teófilo teve de deixar a cidade em dezembro de 2019 devido a ameaças de morte que passou a receber desde que começou a liderar a luta das comunidades dos lotes 96 e 97 da Gleba Bacajá, no interior de Anapu, pela posse da terra onde vivem (veja matéria no Extra Classe*). As áreas estão em disputa na Justiça com o fazendeiro e grileiro Antônio Borges Peixoto. No dia 29 de janeiro havia acabado o prazo de um acordo judicial que permitia a Peixoto entrar no curral para vacinar seu gado enquanto não sai a decisão judicial de reintegração de posse ajuizada por Peixoto em desfavor das 54 famílias de agricultores.

O curral fica próximo à casa do agricultor Antonio Pereira de Souza, que retornou junto com Teófilo ao local. Dias antes, homens armados haviam intimidado um outro agricultor no terreno. A promotora Nayara Santos Negrão, titular da 6ª Promotoria Agrária de Altamira, está acompanhando o caso. 

Segundo a promotora, nos autos da ação de reintegração de posse Peixoto informou que as famílias estariam praticando danos ambientais na área, o que não foi confirmado pela Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) – o relatório indica que o desmatamento era anterior. “O processo está em fase de instrução, tendo sido determinado pelo Juiz da Vara Agrária que a Defensoria Agrária e o Ministério Público Agrário fossem intimados para se manifestar sobre o relatório da DECA”, observou.  

Teófilo vai continuar em Anapu sob proteção do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos - uma equipe da Polícia Militar do Pará vai manter vigilância de sua casa.  Ele teme por sua vida: “É a mesma polícia que acompanha Peixoto, mas tenho que continuar aqui, porque o processo está no final, e quero cumprir meu objetivo”. A luta de Teófilo é para que as famílias possam seguir no local de onde tiram seu sustento. 

No caso de ser negada a reintegração de posse, Peixoto tem vai ter de deixar definitivamente a área. Ele já foi multado em cerca de R$ 900 mil pelo não cumprimento do acordo judicial, e ainda responde na Justiça por ameaça e invasão de domicílio. Segundo informações de moradores de Anapu, os fazendeiros da região têm se reunido desde que Teófilo voltou à cidade. Essa movimentação provoca apreensão. Dezenove pessoas foram assassinadas em Anapu desde 2015, de acordo com relatório da Comissão Pastoral da Terra. No dia 12 de fevereiro de 2005, completam 15 anos do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang. Para marcar essa data, haverá romarias e homenagens. Dos 19 crimes cometidos contra agricultores, a maioria permanece impune. 

Leia entrevista com Teófilo publicada no jornal Extra Classe: 






15 anos do assassinato de Dorothy Stang: 

educação e união como forma de resistência



#PraTodoMundoVer: irmã Katia (á esquerda) e irmã Jane estão em pé, em frente a uma árvore, no pátio do campus da Universidade Federal do Pará. Elas olham para a câmera e sorriem. Vestem a camiseta branca com o logotipo do evento Amazônia Centro do Mundo. Bem ao fundo, está o rio Xingu.

No próximo dia 12 de fevereiro de 2020, completam-se 15 anos do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, 73 anos, em uma estrada de Anapu, Pará, com seis tiros, a mando de fazendeiros. Dorothy ajudou a implantar o Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Esperança, um modelo alternativo ao sistema de exploração do agronegócio. Desde sua morte, uma vez por mês acontece na cidade uma reunião do Comitê em Defesa de Anapu (CDA). No dia 12, romarias e homenagens vão lembrar o crime contra Dorothy Stang e as ameaças contra defensores da preservação da Amazônia e dos direitos dos povos da floresta.

Em novembro de 2019, as irmãs Jane Dwyer e Katia Webster, companheiras de Dorothy Stang, estiveram no encontro Amazônia Centro do Mundo realizado na Universidade Federal do Pará, em Altamira. Na ocasião, foram entrevistadas pelo jornal Extra Classe. Irmã Katia acompanhou a conversa, e fez uma pequena intervenção ao final. As duas afirmaram a importância da educação como forma de resistência. Contatada novamente em fevereiro de 2020, por telefone, irmã Jane comentou que teme pelas ameaças aos defensores de direitos humanos, como Erasmo Teófilo, entrevistado pelo Extra Classe. E adiantou as propostas que serão levadas por trabalhadores de Anapu ao Congresso da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em julho deste ano, em Marabá (PA).

Extra Classe: O que é discutido no Comitê em Defesa de Anapu?

Irmã Jane: É o lugar em que o povo vai para conversar, partilhar dificuldades e procurar, juntos, saídas viáveis. Nesse último (na ocasião, ela se referia a novembro de 2019), tivemos uma oficina sobre cacau e “cabruca”. “Cabruca” é aprender a tirar uma árvore para ter luz, mas não desmatar. Vieram jovens da Casa Familiar Rural, que ajudamos a criar. Houve um momento de paixão e troca entre trabalhadores e a juventude. Os trabalhadores falaram sobre os problemas da agricultura familiar e mostraram como enxertar e clonar cacau. Havia jovens de 12 a 16 anos. No outro dia, eles se uniram a mais uns 60 jovens, entre 10 anos e 18 anos, uma mistura de gente da igreja adventista de São Rafael, local onde Dorothy está enterrada, para ajudar a limpar o rio.

Extra Classe: Qual a importância desses encontros?

Irmã Jane: De repente casou a caminhada dos trabalhadores mais velhos e a juventude do município. Estamos muito animadas. São filhos e filhas de famílias de Anapu que lutam por um pedaço de terra.

Extra Classe: Desde 2015, segundo a CPT, houve 19 assassinatos de lideranças e agricultores em Anapu. Como é viver sob ameaça?

Irmã Jane: A gente tem que aprender a defender uns aos outros, tomar cuidados, mas não deixar de lutar. Todo mundo em Anapu está em perigo. Daqueles que foram assassinados de 2015 até hoje, o primeiro era um jovem de 17 anos, Hércules. De lá pra cá foram assassinados também o tio e um primo dele. Ninguém foi preso pela morte de Hércules. Ao lado do túmulo de Dorothy, junto ao Centro de Formação São Rafael, há uma cruz vermelha onde estão escritos os nomes de todos que foram assassinados.

Extra Classe: Vocês vão levar um documento ao V Congresso Nacional da CPT, de 12 a 16 de julho deste ano, em Marabá. O que diz o documento?

Irmã Jane: O Congresso tem três eixos: rompendo cercas, tecendo teias, e criando produção e vida. Escolhemos o tema “rompendo cercas para tecer e produzir” (ver quadro abaixo). Os trabalhadores vão estar lá para dar exemplos concretos de algumas ações. Entre as propostas, está a de acolher e integrar cada vez mais a juventude através da interação com a Casa Familiar Rural e os vários grupos de jovens. Na produção, queremos continuar as oficinas, fortificar a força coletiva, criar e renovar viveiros para reflorestar, e continuar a tradição de troca de sementes e mudas.

Extra Classe: A cidade de Anapu surgiu a partir da construção da Transamazônica e da colonização da época. Que mensagem vocês enviariam para a população do Sul do país sobre a importância da Amazônia?

Irmã Jane: Quem está na Amazônia defende o clima do Rio Grande do Sul, tanto quanto o daqui e do resto do mundo. Como se pode perder uma beleza e uma riqueza dessa, assim, nas mãos dos predadores? A terra não pertence aos indígenas e nem a nós. Nós é que pertencemos à terra e somos responsáveis por cuidar dela.

Irmã Katia: Antigamente os estudos amazônicos faziam parte do currículo nas escolas do Norte. Agora, não mais. Então, o desafio é recolocar a Amazônia no currículo, não só da educação formal, como da educação popular, dentro do contexto do Brasil e da América Latina, geograficamente, cientificamente, politicamente. Os jovens querem nos dizer o que precisam para ser gente e criar-se neste mundo. Então, cabe a nós, que somos um pouco mais velhas, criar espaços onde possam falar e nós escutarmos


Trecho do Relatório que será levado por trabalhadores de Anapu para o Congresso da CPT em julho, em Marabá (Pará)


Rompendo as cercas de Contratos de Alienação de Terras Públicas (CATPs):

- de grileiros, madeireiros, mineradoras, políticos
- de assassinatos de 19 companheiros desde 2015
- da perca de companheiros e companheiras com a vida ameaçada
- das ameaças contínuas, abertas e veladas, de perder as terras depois de tantos anos de luta
- do medo da violência


Tecendo...

- nos organizando por comunidade, lote, região, município, estado
- aprofundando nossas motivações e nossa fé na base comunitária e coletiva de nossa caminhada (místicas, estudos bíblicos)
- nos mantendo informados, atualizados, atentos às ameaças ao nosso redor (jornais populares, encontros de formação)
- mantendo nosso Comitê em Defesa de Anapu (CDA) e as reuniões mensais
- cuidando e convivendo com as viúvas e órfãos de nossos companheiros
- lembrando e celebrando sempre nossas e nossos companheiros e companheiras assassinados/as em 12 de fevereiro, Romaria da Floresta








quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Fórum Social das Resistências 2020

A Radioweb Ideias e Experiências esteve no Fórum Social das Resistências realizado em Porto Alegre (RS), de 21 a 25 de janeiro de 2020.

No dia 22 de janeiro, fez o registro em áudio de dois painéis sobre Educação.

Coloque o fone de ouvido ou aumente o volume. Para ouvir, clique em cima da flecha laranja.

O selo que acompanha estes áudios tem um desenho do educador Paulo Freire e frases da Campanha Freireando: Em Defesa da Educação Pública Democrática e Libertadora, Rumo ao centenário do nascimento de Paulo Freire.









No dia 23, a jornalista Clara Glock conversou sobre Participação e Mobilização com a ex-senadora e ex-ministra Emília Fernandes, e sobre o que é resistência para mulheres da Matriz Africana, com Sandrali de Oxum e Kota Mulanji, entre um e outro trecho da música cantada por Ana de Tandera. Confira.

Na foto abaixo, Emília Fernandes.






Na foto, da esquerda para a direita: Clara Glock (jornalista), Sandrali de Oxum e Kota Mulanji.






No dia 25 de janeiro de 2020, a Radioweb Ideias e Experiências foi até a Câmara Municipal de Vereadores de São Leopoldo (RS) para o Encontro Nacional da Soberania Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana.

Confira as entrevistas realizadas na ocasião, clicando na flecha laranja.

Na foto abaixo, a Iá Vera Soares, Ialorixá do Memorial 13 de Agosto, Coordenadora Estadual do Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana do Rio Grande do Sul, e Coordenadora Nacional de Mulheres do mesmo Fórum.






Ouça o som e as vozes de Wagner de Aganju, integrante da Coordenação Municipal de Viamão do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana, e Baba Phil, coordenador executivo do Fórum e criador da Rede de Mídia Batuque RS (na foto que acompanha o áudio, o selo do Batuque RS):



Para saber mais sobre o Batuque RS, clique AQUI: https://batuquers.com.br



Entrevista com o Babalaô Babalorixá Ogboni Ifaodumnola Awoneri, da Confraria do Oió:





O Pai Cezar de Ogum, presidente do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana de São Leopoldo (RS), falou sobre o selo de identificação de Unidade de Matriz Africana, implantado na cidade. Na foto que acompanha o áudio, o Pai Cezar de Ogum segura um cartaz (o selo do qual fala na entrevista).

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Amazônia Centro do Mundo: Agricultor jurado de morte por grileiros e fazendeiros teve de sair da sua cidade


“Eu só quero viver bem e em paz. Mas não consigo viver só eu “bem”, quero passar esse “bem” pros outros. Então essa é a função do meu trabalho, é tentar passar essa visão do que eu vivo pras outras comunidades.”



Durante a cerimônia de abertura do evento Amazônia Centro do Mundo, Erasmo Alves Teófilo pediu desculpas à população indígena pela violência cometida contro os povos da floresta.  #PraCegoVer: Na foto, ele está em pé, na frente de um cartaz e de uma mulher, e a seu lado há duas mulheres sentadas junto a uma mesa. Com uma mão ele segura um microfone; a outra mão está levantada, gesticulando. Foto feita por Clara Glock 


Pequeno agricultor de Anapu, no Pará, Erasmo Alves Teófilo teve de sair da cidade porque está ameaçado de morte. Só em dezembro de 2019, duas lideranças da região foram assassinadas porque defendiam os direitos da população local, e uma cometeu suicídio. Ali, e em outros pontos do Brasil, indígenas e ribeirinhos enfrentam o avanço das milícias de fazendeiros, madeireiros e grileiros que contam com a impunidade e com o avanço de leis aprovadas pelo Governo Federal para derrubar matas e tirar à força os povos originais e colonos de seus territórios (veja no quadro que acompanha esta entrevista).

Teófilo, 31 anos, é presidente da Cooperativa da Volta Grande do Xingu e da Associação dos Moradores do Flamingo Sul, no km 80 da Transamazônica. Também representa as comunidades dos lotes 96 e 97 da Gleba Bacajá, no interior de Anapu, no Pará. Até dezembro de 2019 vivia em Anapu, hoje está foragido devido à ameaça de morte que recebeu de grileiros e fazendeiros da região conhecidos de toda a população como o “sindicato do crime”.

São as mesmas pessoas que, direta ou indiretamente, foram arroladas pela Justiça por participação no assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, em 12 de fevereiro de 2005, e, mais recentemente, se tornaram suspeitos pela morte, em 4 de dezembro de 2019, do líder dos sem-terra na cidade, Márcio Rodrigues dos Reis, e, em 9 de dezembro de 2019, do ex-vereador e conselheiro tutelar Paulo Anacleto – amigo de Teófilo.

Nesta entrevista feita por telefone, Teófilo explica por que está sendo ameaçado e diz que teme pela continuidade de uma luta que não é só sua, é pela natureza e pelo direito de viver de todos e todas.



Leia a entrevista completa feita com Teófilo para o jornal Extra Classe, clicando AQUI








NA DÚVIDA SOBRE COMO COLABORAR E O QUE FAZER? JUNTE FORÇAS! 

Diante dos assassinatos no campo e na floresta, perguntei ao representante do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Sul, Roberto Liebgot, e ao representante nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Paulo Cesar Moreira, de que forma as populações do Sul e de outras regiões do Brasil podem se somar à luta pelos direitos dos povos originários e dos agricultores e colonos, em defesa da vida e do meio ambiente. 

Essas foram suas respostas: 
Roberto Liebgot, do CIMI Sul - “Informem-se acerca da realidade e tomem posições públicas na defesa dos direitos indígenas - não como direitos isolados, mas como direitos comuns. Porque, quando se nega a terra aos indígenas, se nega o respeito ao meio ambiente, se nega o respeito à diversidade étnica e cultural, se negam perspectivas de construção de uma sociedade diferenciada, em que todos os povos, todas as comunidades, todas as pessoas tenham condição de contribuir, de serem sujeitos na construção de uma sociedade diferente, plural, respeitosa. Se nega também o direito do trabalhador rural, do pequeno agricultor, dos sem-terra, dos sem-teto. Então, é uma composição de fatos que se somam. Há necessidade de juntar forças para enfrentar e combater essa política proposta pelo Estado de corrosão dos direitos, tanto do direito individual de cada um, como de direitos coletivos”. 

Paulo Cesar Moreira, da CPT – “O aumento da violência e do desemprego afeta a população no geral, mas a população pobre está sendo renegada à fome, e está (mais) à mercê das violências. Vivemos um momento de tentativa de extermínio dessa população pobre, seja ela LGBT, negra, ou populações que lutam pelos direitos no campo. É um momento de negação de direitos e de tudo o que a gente conseguiu construir e colocar na Constituição Federal. A sociedade em geral, assim como lideranças de diversos níveis, inclusive nas universidades e nas escolas, tem que ter clareza disso, porque há uma perspectiva de aumento da concentração do privilégio dos ricos em detrimento do direito à comida, do direito básico de existir. Por isso, a gente está iniciando o ano com violência contra os povos indígenas e contra tantas outras pessoas pelo simples fato de serem o que são. É fundamental falar sobre isso, para nos organizar e tentar revogar a legislação contrária à vida”. 






SAIBA MAIS 


EMERGÊNCIA CLIMÁTICA - O assassinato de indígenas, agricultores, todos e todas que lutam pela preservação das florestas e matas, tem relação direta com a emergência climática. Grupos da sociedade civil do Brasil que participaram da Conferência do Clima (COP 25) em dezembro de 2019 em Madri, na Espanha, lançaram uma declaração conjunta falando disso. Leia o documento na íntegra clicando AQUI. 



ASSASSINATOS NO CAMPO – A Comissão Pastoral da Terra (CPT), órgão ligado à CNBB, divulgou em 20 de dezembro de 2019 números parciais de um levantamento que indica 29 assassinatos em conflitos no campo entre janeiro e dezembro de 2019, sendo 25 na Amazônia Legal, o equivalente a 86% do total. O Estado do Pará lidera o ranking com 12 assassinatos, seguido pelo Amazonas, com cinco, e Mato Grosso e Maranhão, ambos com três. Os trabalhadores rurais, sem terras e assentados, entre outros, somam 21 vítimas, ou seja, 72% das mortes. Até 20 de dezembro de 2019, oito indígenas haviam sido assassinados, dos quais sete eram lideranças – número mais alto dos últimos 11 anos. Em janeiro de 2020, houve novos atentados contra indígenas e agricultores. Leia clicando AQUI. 


TERRAS INDÍGENAS INVADIDAS - Dados preliminares de um levantamento do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgado em setembro de 2019 apontam para um aumento de “invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio dos povos indígenas”. Em todo o ano de 2018, o Cimi contabilizou 111 casos de invasão ou exploração ilegal de recursos em 76 terras indígenas diferentes, distribuídas em 13 Estados; os 160 casos contabilizados até setembro de 2019 afetaram 153 terras indígenas em 19 Estados do Brasil. Leia clicando AQUI.


IMPUNIDADE – Conforme levantamento da CPT, entre 1985 e 2018, somente 117 dos 1.468 casos de assassinatos em conflitos de terra foram julgados em alguma instância. Neste período, foram registrados 1.940 mortos. O maior número de assassinatos – 484 casos, com 724 vítimas – aconteceu no Estado do Pará, onde apenas 22 casos foram a julgamento, resultando em 13 mandantes e 18 executores condenados, e quatro mandantes e 160 executores absolvidos. No Maranhão, dos 157 casos de violência registrados, com 168 mortos, apenas seis foram julgados. Nenhum mandante foi condenado. Veja no quadro abaixo:



LEGISLAÇÃO RECENTE OFICIALIZA GRILAGEM - No dia 10 de dezembro de 2019 foi sancionada pelo Governo Federal a Medida Provisória 910 , que vai facilitar a legalização da grilagem. Há uma tendência de aumentar a violência sobre os territórios de indígenas que estão em disputa há muito tempo por ruralistas e empresas interessadas nas riquezas minerais e madeiras existentes nestes locais.  Acesse clicando AQUI o conteúdo da Medida Provisória


SITUAÇÃO DOS INDÍGENAS NA REGIÃO SUL – Segundo dados do CIMI Sul, na Região sul, assim como no Sudeste e Centro-Oeste, em geral as comunidades indígenas vivem em situação de vulnerabilidade, em áreas não demarcadas, onde o ambiente não é adequado na perspectiva da autossustentabilidade, porque as águas de rios e córregos estão contaminadas, o que gera problemas de saúde. Especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, centenas de comunidades estão em acampamentos, nas margens de rodovias, sem condição de exercer nesses espaços uma vida condizente com o modo de ser dos povos indígenas, sua cultura, religiosidade e cosmovisão. No Rio Grande do Sul, são mais de 100 áreas indígenas. Destas, não chegam a 15 as áreas que se encontram efetivamente regularizadas. O mesmo acontece com as comunidades quilombolas - só no Rio Grande do Sul são mais de 130 comunidades. Todas foram alvos dos discursos racistas do governo brasileiro, que se nega a cumprir o que a Constituição Federal estabelece, que é demarcação das terras e a garantia de uma assistência digna, respeitosa, e diferenciada. 




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