segunda-feira, 15 de março de 2021

Leitura Crítica da Mídia: Falar de doação de órgãos e transplantes é urgente

Por que é preciso falar de doações de órgãos e transplantes?

Porque doar órgãos é um gesto de amor à vida. E a doação só pode ser realizada a partir da autorização por escrito de um familiar do doador. Por isso, é fundamental conversar sobre o assunto em família, na escola, nas universidades, em todos os lugares.  


Em meio à pandemia de Covid-19, aumenta a luta de quem espera por transplante 


O texto a seguir foi publicado pelo jornal ExtraClasse no dia 8 de março de 2021. Ele faz parte de uma série de artigos que venho escrevendo ao longo dos anos para falar da importância da doação de órgãos e tecidos. Refere-se à situação no Estado do Rio Grande do Sul. Colocar-se no lugar de outra pessoa que precisa de um transplante de órgãos é a melhor maneira de entender o quão importante é ser um/a doador/a.



Somente no Rio Grande do Sul, são 1.749 pessoas na lista de espera, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Dos adultos, 1.005 esperam por rim; 139, por fígado; 16, coração; 106, pulmão; um, pâncreas; dois, pâncreas e rim; e 428, córneas. Das crianças, 22 esperam por rim; nove, fígado; seis, coração; quatro, pulmão; e 11, córneas.

Rochelle Fraga Benites* é uma das pessoas que esperam por pulmão. Ela tem Histiocitose X, uma doença autoimune que atacou seus dois pulmões. Há três anos entrou para a lista de espera por um transplante duplo. Rochelle, que mantinha uma vida super ativa, com três filhos pequenos, que gostava de jogar futebol e andar de skate, hoje depende 24 horas de um cilindro de oxigênio.

Ela vive o terror diário de ficar sem ar quando falta luz, porque seu cilindro de oxigênio é abastecido pela energia elétrica, ou quando a Prefeitura não disponibiliza a quantidade de que precisa para se manter viva. E agora, com a suspensão dos transplantes, sua preocupação aumenta ainda mais.

*Há três anos na lista de espera por um transplante pulmonar duplo, Rochelle morreu em 19 de agosto de 2021. 




Em 11 de março, Dia Mundial do Rim, a Fundação Ecarta promoveu um diálogo virtual com Clotilde Druck Garcia, professora de Nefrologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (RS), médica da Nefrologia Pediátrica da Santa Casa de Porto Alegre e coordenadora do departamento de transplante pediátrico da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Também participaram Fabiana Bender, transplantada renal há oito anos e acadêmica de Medicina, integrante da Associação Brasileira de Transplantados (ABTX), e Maria Lucia Kruel Elbern, psicóloga e psicanalista, mãe de transplantado renal e presidente da VIA Pró-Doações e Transplantes/VIAVIDA.

O vídeo resultante dessa conversa está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rDydq7rfQNo e pode também ser visto aqui: 







Em março de 2021, Maria Lucia deu a seguinte entrevista: 

Moradia e aconchego para quem segue na lista de espera 



Ser doador de órgãos e tecidos não dói, ao contrário. Faz com que a dor de uma família pela perda de um ente querido com morte encefálica seja amenizada. Consola. Ao doar os órgãos desta pessoa, é possível salvar muitas vidas. A psicóloga Maria Lucia Kruel Elbern teve essa certeza quando seu filho de 15 anos precisou de um transplante de rim e não encontrou ninguém compatível na família para doar o órgão, há 22 anos. Lucia começou então a frequentar hospitais, queria saber tudo sobre transplantes, e passou a percorrer escolas, empresas e outros eventos da Capital explicando que a doação de órgãos é um ato de amor e vida. 

A espera do filho de Maria Lucia por um rim durou um ano. Neste período, junto com mais voluntárias, contribuiu para aumentar em 30% as doações de órgãos no Estado. Foram aconselhadas pelos médicos a continuarem conscientizando. Ao conhecer pessoas que estavam na lista por um órgão e precisavam voltar para sua cidade, porque não tinham como se manter em Porto Alegre, tiveram a ideia de criar a Pousada Solidariedade, que abriga prioritariamente jovens até 18 anos no pré ou pós-transplante.

Hoje Maria Lucia é uma das responsáveis pelo projeto VIAVIDA, que atua em três áreas: educação, sustentabilidade e assistência. Segue realizando ações em escolas, como a contação da história “A tartaruguinha que perdeu o casco”, para levar informação sobre doação de órgãos e os cuidados com a saúde para evitar a necessidade de transplante.  Com a Covid-19, a Pousada teve de diminuir o número de hóspedes por questões sanitárias, mas entre os planos do VIAVIDA para 2021 está o de aumentar a capacidade da casa. Outro projeto, em fase de captação de recursos, tem apoio de profissionais da área médica e visa a contribuir para diminuir a negativa familiar.


Quer saber mais sobre Doações e Transplantes de Órgãos?



Caderno Especial Cultura Doadora: https://issuu.com/sinprors/docs/merged__5_

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO): https://site.abto.org.br/

Associação Brasileira de Transplantados (ABTX): https://www.abtx.com.br/




Como falar sobre o tema em sala de aula?


A Fundação Ecarta desenvolve o projeto Cultura Doadora que tem como objetivo contribuir na formação de uma cultura de solidariedade e de uma atitude proativa para a doação de órgãos e tecidos. Também visa à qualificação da infraestrutura de atendimento à saúde no Rio Grande do Sul. 

O projeto divulga uma série de reportagens e materiais pedagógicos para subsidiar educador@s na abordagem do tema em sala de aula dos diversos níveis de ensino. 

O lançamento da Cultura Doadora contou com a presença saudosa do cantor e compositor Luciano Leindecker:




Para assistir a todos os vídeos do lançamento, acesse aqui: https://youtube.com/playlist?list=PLLgQTZYUtGKXzRUgWAlOB3jZAJI7lhJgn