segunda-feira, 22 de abril de 2019

Leitura Crítica da Mídia: 9 guias de educação midiática e o que têm em comum


por MOLLY STELLINO em JORNALISMO BÁSICO


Este artigo foi originalmente publicado pelo News Co/Lab da Universidade Estadual do Arizona e republicado na IJNet com permissão. 


Esses atalhos rápidos e fáceis guiam os usuários pelo processo passo a passo de verificação de informações.

Obs: Para mais informações, clicar em cima do título de cada item, que leva para a fonte da informação



Ilustração de Clarinha Glock






1. ESCAPE
Newseum

Use este acrônimo para avaliar a veracidade das informações:

Evidence [Evidência] – Os fatos se sustentam?
Source [Fonte] – Quem fez isso e posso confiar nele/a?
Context [Contexto] – Qual é o quadro geral?
Audience [Público] – Quem é o público-alvo?
Purpose [Propósito] – Por que isso foi feito?
Execution [Execução] – Como as informações são apresentadas?













2. Sete Perguntas
Associação Nacional de Educação para a Literacia Midiática dos EUA


Fazer estas perguntas gera um pensamento crítico ao analisar dados:

Por que isso foi feito?
Quem fez isso?
O que está faltando?
Como pessoas diferentes podem interpretar isso?
Como eu sei que isso é verdade?
Quem pode se beneficiar dessa mensagem?
Quem pode ser prejudicado por essa mensagem?


3. Seis Perguntas do Consumidor
Newseum

Estas perguntas auxiliam o processo de pesquisa, fornecendo um guia para a educação midiática:

Quem fez isso?
Como isso foi feito?
Por que isso foi feito?
Quando isso foi feito?
O que está faltando?
Para onde eu vou a partir daqui?


4. I.M.V.A.I.N.
Centro para Literacia de Notícias (CML, em inglês) dos EUA

Faça a si mesmo estas cinco perguntas para determinar se a informação é confiável:

Esta é uma fonte independente?
Existem várias fontes?
A fonte fornece informações verificáveis?
Esta é uma fonte autorizada e/ou informada?
Esta é uma fonte nomeada?


5. Esta história é digna de ser compartilhada: Infográfico
Newseum

Este infográfico leva usuários ao processo de decidir se uma notícia tem ou não valor e deve ser compartilhada:

É real?
É bem feito?
É notícia ou opinião?
É apoiada por fatos?
É tendenciosa?
O preconceito é aberto ou sorrateiro?
É divertida e/ou sensibiliza?


6. Plano de Aula
Centro para Literacia de Notícias dos EUA

A definição dos fatos e do contexto é dividida para ajudar os consumidores de notícias a entenderem o trabalho dos jornalistas, que é reunir fatos com contexto para explicar o que aconteceu:

Fatos
Quem?
O quê?
Onde?
Quando?
Por quê?
Quantos?

Contexto

Quão incomum, inesperado ou importante é isso?
O que levou a isso?
O que causou isso?
Qual é o impacto?
O que acontece depois?


7. Cinco Perguntas-Chave
Centro para Literacia de Notícias dos EUA

Quando os alunos se fazem essas perguntas, eles aprendem habilidades básicas de educação midiática:

Quem criou esta mensagem?
Quais técnicas criativas são usadas para atrair minha atenção?
Como pessoas diferentes podem entender essa mensagem de forma diferente?
Quais valores, estilos de vida e pontos de vista são representados ou omitidos dessa mensagem?
Por que esta mensagem está sendo enviada?


8. Cinco Conceitos Principais
Centro para Literacia de Notícias dos EUA

O CML lista os cinco conceitos a considerar ao avaliar informações e compreender a educação midiática:

Autoria
Formato
Público
Conteúdo
Propósito


9. Quatro Ações
Mike Caulfield

Siga estes quatro passos quando receber uma alegação e quiser chegar à verdade:

Verifique o trabalho anterior: pesquise para ver se alguém já verificou a alegação.

Siga o fluxo até a origem: a maior parte do conteúdo da web não é original. Acesse a fonte original para entender a confiabilidade das informações.

Leia lateralmente: depois de chegar à fonte da alegação, leia o que outras pessoas têm a dizer sobre a fonte. A verdade está na rede.

Circule de volta: Se você se perder, chegar em becos sem saída ou entrar em um buraco de coelho cada vez mais confuso, volte e comece de novo para saber o que você sabe agora. É provável que você tome um caminho mais informado com diferentes termos de pesquisa e decisões melhores.




O que todos eles têm em comum:


Quem fez isso? O autor da informação é respeitável e confiável? Ele ou ela tem credenciais?

Qual é a evidência? O artigo inclui evidências? A evidência é de uma fonte especializada? A evidência é aceita por outros especialistas no campo?

Por que isso foi feito? O objetivo do artigo é informar? Ou é persuadir, irritar, vender ou entreter?

Está faltando contexto? Este artigo é toda a história? Ou está omitindo informações para promover sua própria agenda?


segunda-feira, 15 de abril de 2019

Leitura Crítica da Mídia: a importância de Paulo Freire na educação

O educador Paulo Freire faz formação de professores para replicarem sua metodologia (Foto: arquivo/Repórter Brasil)

"Um povoado desconhecido no sertão brasileiro, com alta taxa de pobreza e uma multidão de trabalhadores analfabetos, viveu uma revolução: em apenas 40 horas, um grupo de professores liderados pelo educador Paulo Freire ensinou 300 adultos a ler e a escrever. Mais do que criar novos leitores, a primeira experiência de alfabetização em massa do país, realizada em 1963, em Angicos, no Rio Grande do Norte, gerou novas possibilidades de emprego, deu aos trabalhadores o tão sonhado poder do voto e os ensinou sobre seus direitos – especialmente os trabalhistas.

O resultado deu tão certo que inspirou o Plano Nacional de Alfabetização, que nunca chegou a sair do papel por causa do golpe militar de 1964. Alguns dos principais articuladores da ideia, entre eles o próprio Paulo Freire, terminaram exilados.

Mais de cinco décadas depois, o ódio ao educador voltou à cena e guia a atual política educacional no país.
 (...)

“O projeto de Angicos custava 36 dólares por aluno e o prazo de aprendizagem era curto. Se até hoje não foi retomado, é por intenção de não gerar condições de aprendizagem para uma parte da população, que termina por não desenvolver o seu potencial”, diz o advogado Marcos Guerra, que foi o coordenador da experiência na cidade. Ele explica que a cidade foi escolhida por ter, na década de 1960, o maior índice de analfabetismo do Rio Grande do Norte.

Leia a íntegra da reportagem de Marcelle Souza e Caio Castor para a Repórter Brasil clicando AQUI


Cerca de 300 moradores de Angicos participaram do curso de alfabetização de adultos
e ganharam o direito ao voto (Foto: arquivo/Repórter Brasil)



PEDAGOGIA DA ESPERANÇA - Por que Paulo Freire é tão atual:



Na introdução do livro Pedagogia da Esperança, Freire escreve: 


"...a desesperança nos imobiliza e nos faz sucumbir no fatalismo onde não é possível juntar as forças indispensáveis ao embate recriador do mundo.
Não sou esperançoso por pura teimosia mas por imperativo existencial e histórico.

Não quero dizer, porém, que, porque esperançoso, atribuo à minha esperança o poder de transformar a realidade e, assim convencido, parto para o embate sem levar em consideração os dados concretos, materiais, afirmando que minha esperança basta. 

Minha esperança é necessária mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia. Precisamos da herança crítica, como o peixe necessita da água despoluída.

Pensar que a esperança sozinha transforma o mundo e atuar movido por tal ingenuidade é um modo excelente de tombar na desesperança, no pessimismo, no fatalismo. Mas, prescindir da esperança na luta para melhorar o mundo, como se a luta se pudesse reduzir a atos calculados apenas, à pura cientificidade, é frívola ilusão. Prescindir da esperança que se funda também na verdade como na qualidade ética da luta é negar a ela um dos seus suportes fundamentais. 

O essencial como digo mais adiante no corpo desta Pedagogia da esperança, é que ela, enquanto necessidade ontológica, precisa de ancorar-se na prática. Enquanto necessidade ontológica a esperança precisa da prática para tornar-se concretude histórica, É por isso que não há esperança na pura espera, nem tampouco se alcança o que se espera na espera pura, que vira, assim, espera vã.
(...)  Desesperança e desespero, conseqüência e razão de ser da inação ou do imobilismo."





O livro Pedagogia da Esperança está disponível para download clicando AQUI




Sobre Paulo Freire, acesse também:  Instituto Paulo Freire