Ao longo de 2021, ainda sob o impacto do distanciamento físico devido à pandemia de Covid-19, tive a oportunidade de participar da produção, gravação e edição de programas de áudio - conhecidos atualmente como podcasts. Um deles, chamado "Fala Direitos Humanos", do Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre (RS). O outro intitulado "Janela aberta para a Leitura", do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (CMET) Paulo Freire, também de Porto Alegre.
Diferentes da maior parte dos podcasts que se generalizaram no Brasil com mais força nos últimos dois anos, estes dois projetos seguem os princípios da Educomunicação: utilizam a tecnologia com um fim social e solidário, transformador desde a origem, baseados nas lições do educador Paulo Freire e do comunicador Mário Kaplun.
Não são podcasts clean (sem ruídos ou falhas). Começando pelo nome e sua apresentação (em português mesmo): são programas em áudio feitos, na maioria das vezes, a partir de perguntas ou textos geradores de reflexões, sem roteiros definidos. Nestes programas, vale mais o processo do que o produto final, ainda que os resultados sejam ricos em conteúdos, e sobretudo em experiências de vida e saberes acumulados. Os nomes dos projetos foram escolhidos por votação entre as equipes.
São programas que podem ser usados para incentivar diálogos em sala de aula, encontros comunitários e de movimentos sociais, ou para estudos em universidades.
"Fala Direitos humanos" propõe fazer uma ponte entre as comunidades em seus territórios e as pessoas que defendem e fazem da luta por direitos um objetivo de vida. É o caso do Movimento de Justiça e Direitos Humanos de Porto Alegre, fundado e conduzido por Jair Krischke, que participa dos programas. A equipe mescla estudantes do CMET Paulo Freire - escola municipal dedicada ao ensino de jovens e adultos -, e representantes de bairros como Sarandi e Mario Quintana, na periferia da cidade. A ideia é responder a dúvidas da população sobre quais são seus direitos e, a partir destes programas, gerar material para discussões nas escolas. O projeto estreou em 2021 com uma série de episódios que podem ser considerados "pilotos". Utilizou como base a gravação de encontros virtuais. Por isso, tem ruídos e ecos. Novamente, aqui, o que vale é o processo.
Ouça em:
"Janela aberta para a Leitura" é uma série de programas em áudio gravada ao longo do ano 2021 junto a estudantes das turmas de Educação de Jovens e Adultos do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (CMET) Paulo Freire, de Porto Alegre (RS). O grupo leu trechos do livro "Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada", de Carolina Maria de Jesus. A partir das leituras, refletiu sobre o processo de escrita, e temas como racismo, gênero, direitos de crianças e adolescentes, educação, política. Os episódios reúnem registros em áudio de partes significativas dos encontros virtuais, editados para facilitar sua divulgação.
Devido à pandemia de Covid-19, as reuniões foram realizadas (e gravadas) on-line. Havia dificuldades de conexão pela Internet, que muitas vezes era via celular. Algumas pessoas estavam ainda se familiarizando com a tecnologia. Os microfones captaram também o entorno de lugares de onde estavam se conectando. Por isso, há ruídos e microfonia.
Ouça em
https://www.youtube.com/channel/UCuDjKsAxxt3k1PCQkURGCyg