“Manual Prático (muito prático mesmo) de Leitura Crítica de Mídia”.
Este manual foi lançado após as manifestações populares de junho de 2013 no Brasil. Na entrevista a seguir, o jornalista do Centro de Cultura Luiz Freire, Ivan Moraes Filho, apresenta a proposta da publicação que tem como objetivo “fazer com que qualquer pessoa possa compreender o que está por trás das matérias e reportagens que vemos todos os dias e que possa encontrar maneiras de interferir nesse discurso”. O Manual é resultado de parceria do Centro de Cultura Luiz Freire, Fundação Ford e Auçuba – Comunicação e Educação, através do programa Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia do Recife.
ODC – Como surgiu a ideia do guia? O que motivou à sua criação?
IF – No Centro de Cultura Luiz Freire nós já fazemos a leitura crítica da mídia de forma regular há pelo menos dez anos. Começamos dialogando diretamente com jornais e depois passamos a publicar alguns comentários, sob a ótica dos direitos humanos, num blog que depois se tornou o site www.ombudspe.org.br. Com o passar do tempo, foram surgindo outros ‘observatórios’ de mídia, normalmente feitos por jornalistas ou pessoas ligadas ao movimento da comunicação. Nós paramos de fazer análises diárias; como acreditamos que este exercício não pode ser um privilégio de quem é da área, resolvemos sistematizar nossa prática para que qualquer grupo pudesse também compreender o que está nas entrelinhas das informações publicadas pelos veículos de comunicação.
ODC - Quais são os principais conteúdos e como são tratados?
IF - A proposta do Manual é fazer com que qualquer pessoa possa compreender o que está por trás das matérias e reportagens que vemos todos os dias e que possa encontrar maneiras de interferir nesse discurso. Sendo assim, a análise já começa procurando identificar de onde parte aquele discurso. Quem controla o jornal? O concessionário da tevê tem outras empresas ou interesses políticos? Quem é o repórter que escreve? Para quem é direcionada cada publicação? A partir daí, damos sugestões de como interpretar títulos, legendas, fotos, matérias – e até aquilo que não está escrito. Os últimos passos dão dicas de como atuar para dialogar com os meios, que vão desde conversas com jornalistas até representações no Ministério Público.